Há quase 600 mil mandatos de prisão no Brasil, mas não há como cumprí-los pois as cadeias não cabem mais acusados, já estão "saindo pelo ladrão."
Blogueiro Seba
- O Distrito Federal foi um dos últimos lugares no país a ser invadido pelo crack. A capital resistiu até 2007. Até então, era território da merla, outro produto da pasta-base de cocaína, consumido por usuários de periferia. Entre os jovens de classe média, era o ecstasy que passava de bolso em bolso para embalar festas. Hoje a pedra da morte conseguiu invadir de uma só vez os dois redutos e de forma mais intensa. Enquanto os comprimidos da euforia são ingeridos ocasionalmente em baladas de fins de semana, o crack já está sendo consumido diariamente por parte da juventude endinheirada. E pela miserável também.
O tráfico no Distrito Federal vem mudando de perfil. Basta olhar as estatísticas de apreensão. Enquanto a de merla vem reduzindo, a de crack aumenta. Somente no primeiro semestre de 2009 já foram recolhidas mais pedras (5.559 gramas) do que todo o ano passado. A Polícia Civil já identificou que a nova estratégia de mercado dos traficantes na capital é substituir a merla pelo crack. É mais fácil de portar, vender, conservar. Tem pedras de diversos tamanhos e preços, que vão de R$ 2 a R$ 10, dependendo da qualidade.
Mas a mesma pedra que rola na Ceilândia cai no Plano Piloto. Entre as quadras comerciais que vão da 306 Norte até a 316, margeando a W3 Norte, há um “polígono” do crack. “Vapor”, é assim que são chamados os “vendedores de pedra” nas quadras comerciais. Os “pizzaiolos”, geralmente menores de idade, fazem as entregas. E o “patrão”, este é bem vestido, e nem chega perto da boca. Na Asa Norte, a área conhecida como cerradão, próximo à 710 Norte, para entrar tem que ter o “contato”. Primeiro o assobio, que é o sinal para o “vapor” aparecer e entregar a droga.
O tráfico do crack “bomba” entre 21h30 e 6h na região. A droga provoca desconforto nos olhos se consumida durante o dia, em local aberto. Por isso, os viciados acabam virando “zumbis” ou “vampiros”. Trocam o dia pela noite. Vão e voltam às bocas de fumo várias vezes durante a noite para acalmar a fissura. Os “playboyzinhos” não entram. Precisam dos “contatos”. Estes são viciados que têm mais proximidade com o “vapor”. Têm a senha para entrar em redutos. Trocam o acesso por parte da droga comprada e entregue. Os contatos são feitos em festas, as mesmas embaladas por ecstasy.
Tráfico
O lucro é fácil, porque quem experimenta o crack logo volta, tamanha rapidez com que o vício se instala. Como eles dizem: “Na primeira já pega”. “É muito preocupante a situação. E agora estamos nos deparando constantemente com dependentes de crack na classe média. Com merla, eu não via isso”, aponta o delegado João Emílio, chefe da Coordenação de Repressão a Drogas (Cord).
A primeira apreensão de crack no DF foi feita no primeiro semestre de 2007. A droga vem do Entorno, onde os laboratórios de merla estão sendo substituídos pelos de crack. A Vila Planalto e Ceilândia concentram distribuição. As mulheres se prostituem para conseguir uma pedra. E os homens partem para a violência, como assaltos. "A demanda de consumo por droga é muito grande. A gente tira de circulação um traficante e no dia seguinte já têm 10 para substituí-lo no mesmo ponto”, diz o delegado. “Já teve mãe me ligando pedindo ajuda porque traficante de baixo do bloco na Asa Sul estava cobrando dívida dos dois filhos”, conta o delegado.
s ações policiais se intensificam para reduzir o tráfico do crack no DF, mas segundo o delegado também é preciso impedir o surgimento de novos usuários. “Cuidem de seus filhos. Pode ser na melhor escola, na melhor boate, no melhor shopping, a droga pode estar lá”, alerta os pais. Fonte: Uai
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